sexta-feira, 26 de julho de 2013

O GESTOR EDUCACIONAL E O USO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO SEU AMBIENTE DE TRABALHO

O GESTOR EDUCACIONAL E O USO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO SEU AMBIENTE DE TRABALHO
Autora: Profa. Esp. Silvia Letícia Martins de Abreu[1]
Orientador: Prof. Ms. Rickardo Léo Ramos[2]
RESUMO
A Inteligência Emocional pode ser definida como a capacidade natural que os humanos têm para gerir emoções com o objetivo de adaptar-se às circunstâncias do ambiente em que vive. E esta capacidade pode melhorar mediante a introspecção e a prática. Assim, quando se fala de inteligência emocional acredita-se que, apesar da sua importância para todas as áreas da vida de um ser humano, e em especial a profissional, ainda hoje não é utilizada adequadamente por estes. Desta forma, este artigo tem como objetivo principal descrever a influência da inteligência emocional no ambiente de trabalho do gestor educacional; assim como, mostrar o conhecimento, a utilização e as contribuições que ela pode trazer para o dia-a-dia do gestor em educação. Assim sendo o problema da pesquisa vem responder a seguinte indagação: Como a inteligência emocional pode ser aplicada como um instrumento de suma importância no ambiente educacional? A pesquisa foi a partir de um levantamento bibliográfico, exploratória e descritiva sobre a influência de autores renomados, cujo foco teve como principal assunto a Inteligência Emocional e o Gestor Educacional. Com base nestes levantamentos de dados realizou-se um estudo sobre o controle das emoções, suas influências e importância para a vida pessoal e profissional do líder educacional; para que este alcance seu sucesso profissional.
Palavras-chave: Inteligência Emocional; Gestor Educacional; Ambiente de Trabalho; Controle Emocional.

INTRODUÇÃO

                  O presente estudo tem o intuito de abordar de maneira clara e prática, porém com profundidade a necessidade de conhecimento sobre a dinâmica mental e emocional do ser humano dentro da perspectiva educacional, inclusive sobre o assunto Inteligência Emocional, que apresenta nos dias atuais relevantes importância para as pessoas quando se pensa no equilíbrio das emoções, para um melhor relacionamento interpessoal, principalmente no ambiente de trabalho.
                Atualmente o importante é fazer com que a Inteligência Emocional nos permita dominar as nossas emoções de cada dia, ao invés de deixar que elas nos dominem. O gestor, por exemplo, que consegue lidar com problemas emocionais, tanto dele quanto das pessoas que o rodeia, sabendo diferenciar o lado profissional do pessoal, provavelmente, conseguirá manter suas atividades mais produtivas e um ambiente de trabalho mais harmonioso.
        Esta ação provoca o surgimento da Inteligência Emocional, isto é, o autoconhecimento, a capacidade de entendermos os nossos próprios sentimentos mais sutis e torná-los em atitudes para nortear as nossas condutas. Isto leva a ter flexibilidade de aceitação de críticas e compreender melhor as emoções das pessoas.
                   Com base neste contexto o artigo desenvolve-se a partir do seguinte tema: O gestor educacional e o uso da inteligência emocional no seu ambiente de trabalho. A relevância do tema reside em dois fatores. Em primeiro lugar a inteligência emocional e o seu uso; sendo o segundo focalizado no gestor educacional, para que o ambiente educacional possa ser um lugar agradável e de sucesso promissor para aqueles que dele fazem parte.
                   Pode-se dizer que a competência de um gestor pode ser avaliada por sua capacidade em lidar com papéis e objetos materiais, mas atualmente, também por sua habilidade de lidar com as pessoas. Muitas vezes os seres humanos não sabem utilizar a Inteligência Emocional, nem na vida pessoal e menos ainda na profissional.
                O presente artigo tem como objetivo mostrar o conhecimento, a utilização e as contribuições que a Inteligência Emocional pode trazer para o dia-a-dia do gestor em Educação. A metodologia aplicada se fundamenta através da pesquisa bibliográfica, através de autores contemporâneos e pesquisa em sites, desenvolvendo uma pesquisa descritiva e exploratória, cujo foco teve como principal assunto a Inteligência Emocional e o Gestor Educacional.
                    Assim, este trabalho discorre em quatro capítulos, sendo que o primeiro é a introdução, no segundo estão descritos assuntos referentes a definições da Inteligência Emocional e como é sua aplicação no ambiente de trabalho.              
                   O terceiro faz menção ao controle das emoções, suas habilidades e sua influência na vida pessoal e profissional do gestor educacional, para que este tenha um melhor desempenho no seu ambiente de trabalho; dentro desse contexto podemos citar que todas as pessoas da organização, não importando seu nível, são administradores de suas tarefas, e, não simplesmente executores.
             E por fim; o quarto que traz algumas formas de interligar a Inteligência Emocional ao ambiente de trabalho do gestor educacional, pois este deve ser capaz de desenvolver diversas ações para melhorar o seu ambiente de trabalho, demonstrando emoções ou sentimentos positivos para solucionar conflitos profissionais.

2 CONCEITOS DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SEU USO NO AMBIENTE DE TRABALHO.

            A expressão inteligência emocional segundo Aguera (2008) surgiu pela primeira vez em 1985, nos trabalhos científicos do psicólogo israelita Reuven Baron, que criou também o termo quociente emocional para descrever sua forma de avaliar a competência social e emocional.
          Porém esses conceitos só tiveram boa receptividade depois que os psicólogos norte-americanos Salovey e Mayer (1990) os assumiram; assim como com a extraordinária divulgação da obra de Daniel Goleman (1995) que tornou tais conceitos de grande importância no mundo psicológico. Dessa maneira no decorrer dos tempos foram surgindo várias interpretações para se definir a inteligência.
           Em primeira abordagem Aguera (2008) define a inteligência emocional como:
a capacidade natural que nós, os humanos, temos para gerir nossas emoções com o objetivo de nos adaptarmos às circunstâncias de nosso ambiente; capacidade que podemos melhorar mediante a introspecção e a prática. (2008, p.91) 
          Quando se fala de inteligência emocional acredita-se que, apesar da sua importância para todas as áreas da vida de um ser humano, principalmente a profissional, ainda não é utilizada adequadamente por estes.
         O conceito de inteligência é tão antigo quanto à própria humanidade, mesmo nos mais antigos dos registros. Como na Bíblia, que tanto no antigo como no novo testamento encontram-se relatos ricos com fatos impressionantes sobre a inteligência. Segundo ANTUNES: 
A palavra inteligência tem sua origem da junção de outras duas palavras latinas, a palavra Ester (entre) mais a palavra legere (eleger ou escolher). Adaptando-se a origem desse termo ao conceito atual de inteligência, chega-se à idéia, que a inteligência é a escolha melhor entre dias ou mais situações (1998 p. 16).
         E assim, é inteligente quem escolhe a melhor saída, ou melhor, respostas. A inteligência é como a fala, nasce-se com a capacidade de falar, porém não se nasce falando; assim é a inteligência; ela não existe pronta, cada um precisa criar a sua própria inteligência, ou seja, todos os seres humanos nascem com as faculdades necessárias para desenvolvê-la.
            Desta forma, ser inteligente não significa ter boa capacidade de aprender e resolver testes de QI ou ter boa memória, mas sim implica saber utilizar o potencial que se tem no momento apropriado, ou seja, para obter a resposta adequada às suas necessidades. 
          Inteligência Emocional pode ser definida como o uso inteligente das emoções, ou seja, ser capaz de fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para editar seu comportamento e seu raciocínio, de maneira a aperfeiçoar seus resultados.
                  Atualmente, existe uma tendência maior em avaliar a inteligência das pessoas considerando a habilidade em lidar com as emoções, o que caracteriza a inteligência emocional. Revela-se, então, um grande fato: o amadurecimento cultural da sociedade que sempre consideraram competentes apenas os indivíduos que possuía talentos intelectuais e esqueciam que a natureza fundamental dos seres humanos é emocional.
                 É imensurável a quantidade de situações em que a inteligência emocional pode ser colocada em prática, principalmente no local de trabalho: ao se utilizar das emoções de maneira produtiva; para solucionar um problema complicado; ao desenvolver a capacidade necessária para manter um bom relacionamento com os colegas; ao realizar uma tarefa e muitos outros desafios que surgem no dia-a-dia de uma instituição ou empresa.
                   Para se chegar ao sucesso nas diversas fases da vida e principalmente na vida profissional, são necessários vários fatores, além da inteligência e espírito de trabalho. As relações interpessoais, a capacidade de trabalho em grupo, a capacidade de ouvir e de se colocar na posição de outros, e a capacidade de ouvir a nossa consciência tornaram-se fundamentais num mundo cada vez mais ligado por redes e em que cada vez mais o trabalho é tarefa de uma equipe. Para ter sucesso, alem de inteligência "intelectual" é necessário ter também inteligência emocional.
                   O fundamental da inteligência emocional é reconhecer um sentimento enquanto ele decorre. Os sentimentos desempenham um papel crucial nas nossas tomadas de decisões. Eles são uma espécie de sinais que nos alerta para o perigo possível, mas também nos alerta para oportunidades ímpares. Segundo GOLEMAN:

O ser humano tem duas mentes, a racional e a emocional, as quais constituem- se em formas de conhecimento que interagem na construção da vida mental. A mente racional é o modo de compreensão de que o ser humano tem consciência, é mais atenta e capaz de ponderar, refletir e fazer ligações lógicas. Já a mente emocional age irrefletidamente, excluindo a reflexão deliberada e analítica, que caracteriza a mente racional. Reage ao presente com meios registrados ao longo da história evolutiva do homem, em situações que ficaram gravadas como tendências inatas e automáticas do ser humano (2001, p.23).

                   A inteligência emocional é como um conjunto específico de aptidões utilizadas no conhecimento e processamento e das informações relacionadas à emoção e expressão de um estágio na evolução do pensamento humano; é a capacidade de sentir, entender, controlar e modificar o estado emocional próprio ou de outra pessoa de forma organizada. A aptidão emocional é, pois, uma meta capacidade que determina até onde se pode usar bem quaisquer outras aptidões que se tenha. Para GOLEMAN.

As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais probabilidade de se sentirem satisfeitas e de serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua produtividade; as que não conseguem exercer nenhum controle sobre sua vida emocional travam batalhas internas que sabotam a capacidade de concentração no trabalho e de lucidez de pensamento. (2001, p. 49).

                  Portanto é inteligente quem escolhe a melhor resposta, ou a melhor saída para as diversas situações ocorridas no seu dia-a-dia. Todos nascem com o potencial das várias inteligências, a partir das relações com o ambiente e aspectos culturais.

2.1 algumas Características da Inteligência Emocional

                   A autoconsciência, motivação, persistência, e entendimento são mais algumas características da inteligência emocional, que por sua vez também tem os aspectos sociais como persuasão, cooperação, negociação e lideranças essas são vistas como maneiras alternadas de ser esperto, não em termos de QI, mais em termos de qualidade humana do coração.
                   A inteligência emocional não é genética, estas habilidades são aprendidas mais do que inseridas. Para GOLEMAN. É nesse sentido que a inteligência emocional é uma aptidão mestra, uma capacidade que afeta profundamente todas as outras, facilitando ou interferindo nelas (1995 p. 93).
                   Conseguir definir tais aspectos com flexibilidade implica, em entender com exatidão o que significa usar inteligentemente a emoção. As emoções são um campo com o qual se pode lidar, assim como a matemática ou física, com maior ou menor talento, exige aptidões. Essas aptidões são decisivas para a compreensão do motivo pelo qual um indivíduo prospera na vida, enquanto outro, de igual capacidade intelectual, não consegue passar da estaca zero.
                   Por tudo, entende-se que a Inteligência Emocional é a capacidade de sentir, entender e aplicar eficazmente o poder e a perspicácia das emoções como uma fonte de energia, informação, conexão e influência humana. E que a inteligência emocional é absolutamente vital para o bom desempenho e o sucesso profissional, razão pela qual é muito mais valiosa que o QI e as habilidades técnicas juntas.

2.3 As Áreas mais Importantes da Inteligência Emocional 

               Tem-se a inteligência emocional como a capacidade de raciocinar abstratamente, de resolver problemas, de adaptar-se a situações novas, ser criativo, ter boa memória, raciocínio numérico e espacial, entre outras. Ela é a cerne do fracasso ou do sucesso.
              Segundo Gardner (1995), as pessoas possuem oito áreas de inteligência. Ainda que esse número determinado de inteligências seja, em parte, subjetivo, essas são as “supostas” inteligências que ele denomina de: inteligências múltiplas: a inteligência lingüística ou verbal, a lógico-matemática, a espacial, a musical, a cinestésica corporal, a naturalista e as inteligências pessoais (intrapessoal e interpessoal).
                Existem três pontos importantes sobre inteligência emocional que não se pode deixar de enfatizar: primeiro: não existe uma inteligência mais importante que a outra; segundo, todo indivíduo é capaz de desenvolver todas as oito inteligências múltiplas ou mais; e por fim, todas as oito inteligências múltiplas são independentes. Inteligência é como digital, não há duas iguais.
                 Alguns são os tipos de inteligências Múltiplas, assim segue suas especificações:

Inteligência Linguística: é a capacidade demonstrada em sua forma mais completa (poetas) e consiste na capacidade de pensar com palavras e de utilizar a linguagem para expressar e avaliar significados complexos.

Inteligência lógico-matemática: é a capacidade lógica e matemática, a qual possibilita calcular, quantificar, considerar hipóteses, realizar operações matemáticas complexas e ter raciocínio dedutivo.

Inteligência espacial: corresponde à capacidade de formar um modelo mental de um mundo espacial e pensar de forma tridimensional. Permite que a pessoa seja capaz de perceber imagens internas e externas, recrie, transforme e opere utilizando esse modelo.

Inteligência cinestésico-corporal: é a capacidade de manipular objetos e sintonizar habilidades físicas (desenvolvida principalmente por atletas, dançarinos, cirurgiões).

Inteligência musical: é aquela que apresentam as pessoas que possuem uma sensibilidade para a entonação, a melodia, o ritmo e o tom.

Inteligência naturalista: consiste em observar padrões na natureza, identificar e classificar objetos e compreender os sistemas naturais e aqueles criados pelo homem.

Inteligência interpessoal: é a capacidade de compreender outras pessoas e interagir com elas. Corresponde à sensibilidade para responder de forma adequada às situações (como fazem professores, vendedores, políticos, terapeutas, líderes religiosos).

Inteligência intrapessoal: é a capacidade de formar um modelo verdadeiro de si mesmo e usar esse conhecimento no planejamento e direcionamento de sua vida. Compreende saber administrar os próprios sentimentos, reconhecendo as qualidades e defeitos. Inclui disciplina, auto-estima e auto-aceitação. (GARDNER, 1995).

                   Com base nas definições acima compreende-se que as aptidões emocionais são de suma importância nas condições do cotidiano físico, individual e social; pois é certo que um homem emocionalmente equilibrado é um homem que terá um futuro brilhante; assim como não é a capacidade intelectual do homem que determina seu futuro; é a administração, o domínio das emoções, o fator essencial para o desenvolvimento da sua inteligência.

3 A EMOÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NA VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL DO GESTOR EDUCACIONAL

            Segundo Aguera (2008), do ponto de vista científico, uma emoção é uma alteração corporal que se caracteriza por variáveis fisiológicas que podem ser medidas e observadas: ritmo respiratório, tensão arterial, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sudoração, condutividade dérmica da pele, produção salivar, hormônios no sangue, abertura das pupilas etc. Outra definição diz respeito ao significado de emoção em sua etimologia literalmente falando, que é “movimento para fora”; ou seja, a palavra emoção refere-se a um impulso para a ação.
           Os sentimentos nos proporcionam uma informação vital e potencialmente proveitosa em cada minuto do dia. Quando as emoções subtraem a concentração, o que está sendo subtraído é a capacidade mental cognitiva que os cientistas chamam “Memória Funcional”, isto é, a capacidade de ter em mente todas as informações relevantes para execução de determinadas tarefas. Para GOLEMAN:
Os que têm sintonia natural com a voz do seu coração – a linguagem da emoção - certamente são mais capazes de articular as mensagens dele. Essa sintonia interna talvez seja responsável por tornarem as pessoas mais talentosas (1995 p. 67).
       As emoções cumprem um papel de considerável importância na vida pessoal e profissional, afinal, frequentemente o sujeito defronta-se com situações novas, sendo necessário fazer uso das emoções de forma inteligente, utilizando-as para orientar o comportamento e o raciocínio no intuito de obter melhores resultados.
       Existem cinco emoções básicas: medo, raiva, tristeza, alegria e afeto, que são considerados como letras do alfabeto emocional. Cada uma delas se manifesta independentemente da outra. Elas são excludentes entre si, não ocorrendo duas ou mais de uma só vez. Às vezes, podemos ter a impressão que estamos sentindo, simultaneamente, medo, raiva e tristeza. Na realidade, o que está ocorrendo é um trânsito rápido em alta velocidade. GOLEMAN fala que: A capacidade de manter o autocontrole, de suportar o turbilhão emocional que o acaso nos impõem e de não se tornar um escravo, tem sido considerado como uma virtude (1995 p. 69).
               Aguera (2008) quando se refere ao funcionamento das emoções diz:

As emoções são processos do sistema límbico ativados quando são detectadas alterações corporais significativas provenientes das ações motoras lançadas pelos instintos. São respostas imediatas de inibição ou aceleração, atendendo à memória de vivências de situações semelhantes, produzidas mesmo antes que o indivíduo tenha consciência delas. A mudança do estado do corpo originado pelo alerta instintivo provoca uma emoção que por sua vez, causa uma alteração no estado do corpo. (2008, p.72)

             É muito importante ter em mente que as emoções não foram criadas pela natureza para serem controladas. Pelo contrário, foram criadas para controlar nossas respostas em situações críticas. Na verdade, manter sob controle as emoções que nos afligem é fundamental para o bem-estar tanto pessoal como profissional.
            O grande diferencial do homem para os demais animais é o poder da palavra. Desta forma a expressão verbal das emoções tornou-se um fenômeno extraordinário na vida humana. A comunicação interpessoal poderá ser saudável ou patológica em função de emoções expressas de modo sutil ou explícito, adequado ou não. GOLEMAN cita que: "Quando se investiga a evolução da espécie humana deu-se à emoção um papel muito essencial em nosso psiquismo, os sociobiólogos verificaram que, em momentos decisivos, ocorre uma ascendência do coração sobre a razão". (1995, p.24).

               Por tanto a emoção tem papel fundamental, sobre tudo no início da vida, pois um ser humano quando nasce não possui qualquer capacidade para se fazer entender e para expressar suas necessidades e desejos, senão através do choro ou com movimentos não coordenados e globais. E já como adultos aprender controlar essa emoções é o essencial para um bom desenvolvimento pessoal e profissional.

3.1 O Controle das emoções contribuem para um melhor desempenho no ambiente de trabalho
              Só se pode ser capaz de controlar as emoções quando for capaz de compreendê-las para lidar melhor com as situações e de maneira mais produtiva. Ao tomar consciência dos sentimentos, por exemplo, a raiva, logo se gera um pensamento associativo (normalmente são irracionais), por exemplo: ele é um idiota, tenho vontade de matá-lo, em seguida deve ser desenvolvido um diálogo interno construtivo: não vou deixar transparecer minha raiva. Depois disso, as alterações fisiológicas também precisam ser interrompidas - como respiração acelerada, coração batendo forte - com técnicas de relaxamento. Goleman diz que:

Para controlar as emoções é preciso reconhecê-las para controlar os pensamentos, as reações fisiológicas e as atitudes. (...) para controlar nossas emoções, precisamos assumir o controle das nossas atitudes, e para assumir o controle de nossas atitudes precisamos primeiro reconhecê-las (1995 p. 60).

         Para manter sob controle as próprias emoções também é essencial uma boa comunicação. Não importa qual seja o estado de ânimo que se atravessa. O desafio está em manter a serenidade e a compostura, procurar manter um estado de ânimo neutro é a melhor estratégia na fase de preparação para se lidar com uma pessoa. Para GOLEMAN

A área pré-frontal é o local da memória operacional responsável pela capacidade de prestar atenção e reter informações. É vital para a compreensão e o entendimento; o planejamento e a tomada de decisões; o raciocínio e o aprendizado. (1995. P. 65).

                   É bem verdade que todas as pessoas já ouviram alguém, talvez até nós mesmos, ser aconselhado: “Controle suas emoções, esfrie a cabeça”. Isto em geral significa: “Sufoque suas emoções”. Porém, aprende-se que as emoções nos fornecem muitas pistas da razão dos nossos atos, e sufocá-las iria nos privar dessa informação. Reprimi-las tampouco vai afastá-las, e pode permitir que elas cresçam despercebidas, como a raiva. Assim controlar as emoções significa algo bastante diferente de sufocá-las; significa compreendê-las e usar essa compreensão para modificar as situações em seu benefício.

Segundo Weisinger (2001):

A tendência das situações perturbadoras, tais como ser repreendido por seu chefe ou estar zangado com um colega, é que elas venham a gerar estilos e padrões de raciocínio distorcidos que modificam sua percepção da realidade. Aprendendo a evitar o raciocínio distorcido você terá melhores condições de conseguir maior domínio sobre seus pensamentos automáticos e controlar suas emoções. (WEISINGER, 2001).

           Enfim, dominar as emoções não significa sufocá-las, pois se há uma compreensão do contexto emocional onde o indivíduo está inserido, pode-se então, colocar em ação o controle de suas emoções a seu favor, de forma a provocar a satisfação pessoal no desenvolvimento das suas atividades profissionais. (GONÇALVES, 2006).

5 RELAÇÃO ENTRE O GESTOR EDUCACIONAL E A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.

             Faz necessário para o gestor educacional use no seu dia a dia de trabalho o (QE) quociente emocional, para resolver diferenças e conflitos de interesses nos relacionamentos. As diferenças em sentimentos, desejos, personalidades, opiniões e valores que encontram-se nos ambientes de trabalho, não devem torna-se divisórias.
            A inteligência emocional batizada de QE pesa duas vezes mais que o QI (quociente intelectual). Segundo Aguera (2008), o que levou o sucesso do novo modelo usado nas instituições foi exatamente mostrar as limitações do QI; pois ele pode ser aceito como uma boa medição da inteligência analítica, lógico matemática, intelectual, acadêmica ou como queiram chamar, mas jamais como medição global das pessoas.
        Partindo deste pensamento ver-se que as aptidões inatas na conquista de bons resultados profissionais dependem hoje, em especial do QE. Isso quer dizer que não basta possuir um QI acima da média, ou simplesmente manifestar uma habilidade incomum, como garantia de sucesso. É muito mais importante saber gerenciar emoções, promover cooperação e ambiente de harmonia entre as pessoas com quem se trabalha.
           O QE estimula o respeito à criatividade e à camaradagem. O QE é um dos principais elementos que ajuda o gestor educacional a alcançar seu potencial construtivo. Conseqüentemente torna-se estimulante para o trabalho em equipe, que atualmente é uma forma que todas as instituições de ensino desenvolvem para melhorar a qualidade de ensino, e, consequentemente, a qualidade do aprendizado.
          O respeito pelos sentimentos, assim como pelas idéias, cria um ambiente de trabalho favorável para empatia e o entendimento. Os mesmos princípios do QE que ajudam grupos a resolverem conflitos, também se aplicam aos conflitos de interesse, envolvendo grupos mais diversificados. Deve-se exercitar constantemente o diálogo e a auto-análise entre os grupos, assim, a produção do sujeito flui naturalmente, mantendo-o em equilíbrio consigo mesmo e com os demais. (AGUERA, 2008) 
      Utilizar bem a inteligência emocional é ter habilidade para trabalhar em equipe, estabelecendo redes sociais e construindo relacionamentos, mesmo entre pessoas de características temperamentais diferentes. Isso implica no exercício constante do diálogo e da auto-análise, mantendo a humildade em reconhecer os próprios limites. Goleman(1995 p. 41) cita que: “É por isso que quando estamos emocionalmente perturbados dizemos “simplesmente não consigo raciocinar” é porque a contínua perturbação emocional cria deficiência nas aptidões intelectuais.” 
                  É preciso estar consciente das motivações para que o gestor educacional possa ficar em harmonia com suas aspirações, definidas de acordo com critérios internos que são emocionais, ou seja, ficar em sintonia com o que acontece na instituição, assim seu desempenho fluirá naturalmente. 
          Por tanto a ideia principal é que se consiga descobrir e compreender as necessidades dos outros e que eles entendam e compreendam a suas, afim de que o relacionamento possa ser uma troca segura e saudável para o bom desenvolvimento das atividades.
                   Por tanto cabe ao gestor educacional ouvir e falar com consciência emocional e empatia para aproximar-se mais das pessoas, mesmo quando elas parecem estar a quilômetros de distância. Segundo GOLEMAN apud DAMÁSIO (1995 p. 41) : “As decisões mal tomadas são porque perdemos o acesso a que foi emocionalmente aprendido, como ponto de encontro entre o pensamento e a emoção.”
           O Gestor em Educação deve ser capaz de desenvolver diversas ações para melhorar o seu ambiente de trabalho, demonstrando emoções ou sentimentos positivos para solucionar conflitos profissionais. Quando há delegação, mantém-se um diálogo com os colaboradores sobre quem faz o quê. Quando se aconselha, conversa-se sobre o que está dando certo e sobre o que precisa melhorar. Quando há recompensa, se faz isso com palavras. E quando existe a motivação, todas as coisas acima citadas criam as condições ideais para que todos se sintam participantes, comprometidos, conectados e capazes de contribuir. 
             Dessa forma, a inteligência emocional não se limita à razão, ao pensamento dito racional, claro e lógico, mas é, sim, fundamental analisar qualquer questão com um nível adequado de emoção. Portanto, a inteligência emocional funciona como um tipo de sexto sentido com o qual o gestor educacional pode juntar o bem-estar pessoal e o bem-estar profissional.
                Assim, tendo em vista que um bom clima de um grupo influencia reciprocamente as pessoas, tornando o ambiente de trabalho mais agradável, estimulante e cooperativo; é preciso que cada pessoa acredite em seu potencial, para que também alcance o equilíbrio emocional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

                  Diante das argumentações expostas percebe-se que a Inteligência Emocional relaciona-se as habilidades, tais como: motivar-se a si mesmo, ser capaz de controlar impulsos, canalizando emoções para situações apropriadas; motivar pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e conseguir seu engajamento aos objetivos de interesses comuns. E que o uso das competências emocionais, aliadas ao conhecimento técnico adequado constitui as competências necessárias para o sucesso do gestor educacional.
                  No presente artigo observou-se que mais importante do que ter um QI (Quoeficiente de Inteligência) elevado é saber controlar as suas próprias emoções; comprovando assim, que nos dias atuais, a capacidade intelectual não é mais o fator fundamental para o sucesso, seja ele profissional ou acadêmico; e sim que, é o controle emocional de uma pessoa que vai determinar sua inteligência, e, consequentemente, seu sucesso.
                   Assim sendo, a resposta a questão-problema: Como a inteligência emocional pode ser aplicada como um instrumento de suma importância no ambiente educacional?, pode ser encontrada ao longo deste artigo, de forma clara e precisa; através da realização da pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva sob a influência de autores renomados. Com base nestes levantamentos de dados realizou-se um estudo sobre o controle das emoções, suas influências e importância para a vida pessoal e profissional do líder educacional; para que este alcance seu sucesso profissional.
                         Enfim, este artigo teve como objetivo principal mostrar o conhecimento, o uso e as contribuições da Inteligência emocional no ambiente de trabalho do gestor em educação, com o intuito de comprovar a importância do controle das emoções para um melhor desempenho dos gestores em comunhão com os outros funcionários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUERA, Llorenç Guilera. Além da inteligência Emocional (As cinco dimensões da mente). São Paulo: Cengage Learning, 2008.
ANTUNES, Celso. A inteligência emocional na construção do novo eu. 4.ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GOLEMAM, Daniel. Inteligência Emocional. Tradução: Marcos Santarrita, 51.ed. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1995.
________________. Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 46.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
________________. Trabalhando com a Inteligência Emocional. Traduzido por M. H. C. Côrtes, Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1999, 412p.
________________. Inteligência Emocional: a teoria revolucionaria que define o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
RYBACK, David. Emoções no local de trabalho: o sucesso do líder não depende só do QI, São Paulo: Cultrix, 2000. 
WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Traduzido por Eliana Sabino. 3ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997, 219p.
____________, H. Inteligência emocional no trabalho: como aplicar os conceitos revolucionários da I. E. nas suas relações profissionais, reduzindo o estresse, aumentando sua satisfação, eficiência e competitividade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
GONÇALVES, Fernanda Schröder (2006), Inteligência Emocional no trabalho. http://www.rh.com.br/Portal.  Acessado em 10 de julho de 2010.





[1] Especialista em Gestão escolar pela Universidade Vale do Acaraú; Didática de Ensino superior e MBA em Gestão e Negócios pela Faculdade Ateneu - FATE